Sem título.

Era uma noite de lua cheia, estava à espera daquela doce figura que envolvia minhas noites e meus dias. Encostado ao tronco perto do mar, este que refletia a imensa lua que havia no céu; peguei meu violão e comecei a dedilhar com o pensamento nela.
A noite estava tão perfeita que a vontade era de tê-la aos meus braços, sentir seu calor, sua voz em meu ouvido, seu coração bater rapidamente a cada beijo que nos envolvia.
Continuei a dedilhar notas por meu violão e cantarolar melodias de amor. Cada nota que tocava, lembrava-me dela. Seu sorriso, suas lágrimas ao ouvir-me tocar. Ou o modo como ela me pedia para abraçá-la quando estava com frio.
Acendi uma fogueira, armei minha barraca e ali na areia fiquei a olhar para as estrelas, talvez pensando em onde ela poederia estar, já que ali, perto de mim ela não estava.
Era mais um jovem apaixonado, um poeta sofredor, que mesmo com dor, continuava a buscar sua musa inspiradora. Entre lágrimas, sonhos, lembranças... Adormeci pensando em quando a encontraria novamente. Eu, um romântico, apaixonado, faria qualquer coisa para tê-la aos meus braços e a fazer dormir e sonhar como só os anjos de pura candura fazem.
Estava sentindo-me sozinho, mas as calorosas lembranças que tinha dela, faziam-me viver para esperar pela tal como eu sempre fazia.
Entre a fogueira, o mar, a lua e as estrelas; adormeci.
Eis que a jovem aparece com aquele vestido branco e leve como um anjo. Aquele sorriso doce... Ingênuo mas malicioso ao mesmo tempo, como somente ela sabia fazer. Ela puxou-me pelas mãos e saímos correndo pela praia. Como ela estava linda! Aquela pele branca e o ondulado de seus cabelos pela cintura, seus olhos negros; estes que ardiam com tamanha paixão deixavam-me cada vez mais apaixonado. Seu caminhar vagaroso e provocante deixava-me a desejá-la cada vez mais.
Corremos, estávamos felizes como antigamente. Brincamos como duas crianças, ou ainda como dois anjos no céu. Foi perfeito. Não parávamos de sorrir, nossos olhares diziam tudo. Não eram necessárias palavras. Amávamos-nos e isso era tudo, o mais profundo, o amor mais necessário, aquele onde não precisa ser entendido, porém sentido; sentido com o corpo, com a alma com o coração. Enfim... O amor era a única linguagem, o único meio de comunicação entre nós.
Deitamos na areia, exaustos. Continuamos a sorrir, ela estava com uma flor branca em seus cabelos, seus olhos serenos repentinamente tornaram-se tristes e uma lágrima escorreu por entre a tamanha perfeição de seu rosto.
Abracei-a com toda minha alma, não queria deixar que ela escapasse por entre meus dedos novamente e se isso acontecesse, choraria. Como um verdadeiro homem apaixonado chora quando perde sua alma gêmea.
Ela olhou-me novamente com aqueles olhos tristes e nos beijamos. Foi o melhor beijo que pude receber. Um beijo com amor, com ternura, um beijo doce, vagaroso, sem pressa de acabar. E por um minuto senti que éramos de dois, um só. O real e o sobrenatural lado a lado. Senti seu rosto frio indo embora vagarosamente deixando apenas uma brisa leve me envolver.
Acordei. E mesmo sabendo que ela estava entre as estrelas e com os demais anjos lá no céu, agradeci a Deus, por ter nos dado esse presente. Ao meu lado, próximo ao violão estava a flor branca que envolvia seus cabelos. E só então percebi que aquilo foi tão real, quanto parecia. Talvez vocês não acreditem em meu relato, mas estão as estrelas, a lua e o mar como meus cúmplices e prova.
Mesmo sabendo que aquele foi o nosso último beijo, ainda vou todas as noites na mesma praia, para ver se Deus poderia dar-me novamente aquele presente. Afinal, todo jovem apaixonado sempre tem esperança.


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