Mães e filhas




Bati a porta e simplesmente saí correndo. Peguei minha mala e “desapareci”, afinal era isso o que mais queria no mundo. Sair daquele ambiente que me deixava sufocada. Já não agüentava mais brigas, não agüentava discutir todos os dias e ficar sem falar com ela. Quem estava errada? Ela ou eu... Não importava! Queria sair daquele lugar o quanto antes possível.
Já havia alugado um apartamento. Iria morar sozinha... Estava trabalhando e ganhando um salário razoável; daria para viver bem por alguns meses.
Fui reto ao meu novo “lar”, era uma sensação incrível... A sensação da liberdade. Poder comer o que quisesse, dormir a hora que bem entendesse, seria maravilhoso.
Sentei-me na sacada e fiquei olhando para as estrelas. Meu apartamento estava todo bagunçado; cheio de caixas e roupas espalhadas pela cama.
Logo veio a saudade. Saudade do café-com-leite que só ela sabia preparar... Do cheiro de casa limpa, ou o cheiro da velha comida caseira e saborosa.
Continuei a olhar para as estrelas e lembrei-me de minha infância. De como eu era o motivo de orgulho dela. Das vezes em que esta me contava histórias ou quando me abraçava enquanto chorava de tristeza.
Sem mais nem menos, peguei meu sobretudo, calcei minhas botas, arrumei meu cabelo e saí... Não sabia para onde, nem quando eu chegaria ao lugar, mas meu coração dizia que eu precisava ir.
Segui o rumo dele e sem pensar bati naquela porta. Estava uma chuva horrível lá fora. Ela abriu e sorriu. Abracei-a com toda a força existente no mundo.
-Mãe, não importa quem está certa, quem está errada... Desculpe-me se errei, mas eu só quero que saibas que mesmo eu ficando brava com certas coisas, você é a melhor mãe do mundo e eu te amo.
Senti suas lágrimas quentes escorrerem por seu rosto sonolento.
-Também te amo filha. Sabia que voltarias. Rezei muito para isso acontecer. Senti sua falta.
E então eu entrei e ficamos abraçadas na cama junto com meu pai e meu irmão, comendo chocolate e assistindo filme.
Coisas que apenas mães e filhas entendem...


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Aqueles que pegam no seu pé depois de ter ficado com o garoto mais nerd e feio da escola ou atrás da igreja.
Aqueles que a colocam em uma rodinha e brincam de verdade ou consequência e fazem você contar os piores segredos do mundo, ou ficar com o carinha que está a fim de você.
Amigos da cachaça, que fazem você tomar o primeiro porre implorando que a levem para casa, e eles cuidam de você, afinal... Para isso que servem os amigos.
Sejam virtuais, sejam aqui do meu lado, sejam a mil km de distância. O importante é que você sabe que sempre vai poder contar com todos eles se um dia precisar.
Há amigos que deixam saudade, saudade até mesmo das brigas, dos cochichos, dos bilhetes da sala de aula, ou simplesmente de um colo, de um ombro, de uma tarde com brigadeiro, pipoca e filmes de amor.
E as confissões em uma noite de pijama, gargalhadas, pintar de batom aquele que dormiu primeiro comer pizza, lasanha, hambúrguer, CHOCOLATE!
Um dia uma amiga minha perguntou o que eu lembrava da época em que ainda morava no Rio Grande do Sul (eu sou gaúcha, acho que não contei esse detalhe) e se tem algo que posso dizer... Foram os melhores doze anos da minha vida!
Aprendi que a distância não é absolutamente nada comparada a uma amizade. Tenho todas as cartas, as fotos, as lembranças da despedida. Tudo guardado e um monte de emoções dentro do meu coração.
Ser amigo é muito mais do que fazer a metade da pizza sem chocolate para o outro amigo que não pode comer chocolate poder saborear. Ou comer duas caixas de bis juntas no ponto de ônibus por causa da TPM.
Dos meus amigos posso tirar escritores, modelos, professores, administradores e até advogados. Claro que cada um vai ter um caminho diferente, mas não impede que um dia, quando todos tiverem uma família, olhamos e falamos: - Esse cara é meu amigo e eu tenho orgulho disso. Ou... – Olha lá a tia na TV, depois vou mostrar as fotos que temos juntas.
O importante mesmo é que as lembranças e os sentimentos são mais valiosos e mais importantes que tudo, até mesmo que o dinheiro e a fama.
Ter alguém para abraçar, para sorrir, para ser feliz... É a maior honra do mundo.
Agradeço pelos momentos e por tê-los comigo até hoje e saibam que eu sempre fui uma amiga de verdade e que sinto muita falta de alguns.
Obrigada pelas situações engraçadas, pelos abraços, pelas horas de lazer, pois isso tudo me dá inspirações para escrever e ser uma pessoa feliz, pois eu sei o que é ter um amigo e como é bom ter amizade.
Feliz dia do amigo, meus amigos!


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Depois do massacre na escola do Rio de Janeiro comecei a pensar sobre a profissão que daqui a dois anos exercerei de verdade.
Dizem os estudiosos, os professores e experts no quesito “jornalismo” ou “comunicação” que o jornalista ou o comunicador, como queiram, não deve se envolver com a notícia.
Até aí tudo bem... Aprendemos na Faculdade um modelo de Jornalismo, e levamos adiante até os dias de hoje. Dizem também, que devemos levar a realidade ao público, fazer com que os leitores ou espectadores sintam a notícia, que devemos escolher entre a razão e ver que a notícia não é só o relatar de um fato, mas que ela também é um produto a ser vendido. Mas que mesmo levando a “realidade”, mesmo usando a banalidade e que não podemos nos envolver ou interferir no ambiente noticiado.
O problema é que quem quer ser jornalista mesmo, arregaçar as mangas e trabalhar, ao fazer uma notícia, tenta veicular o conteúdo com maestria, não consegue desvincular todo o seu emocional.
Não é fácil você entrevistar mães chorando pela perda de um filho e ter que retratar aquilo para milhões de pessoas. Devo confessar que o motivo desse texto tem a ver com algo que me deixou um pouco estranha hoje.
Estava no ônibus indo para minha casa depois de um dia maravilhoso, e lendo um livro comecei a analisar o burburinho que se formava.
Era um acidente. Comecei a escutar atenciosamente cada fato, cada descrição, a expressão das pessoas, o trânsito completamente parado na BR e comecei a questionar as pessoas sobre o tal acidente do dia.
Um motoqueiro cortou a frente de um caminhão que se desgovernou, caiu sobre uma tubulação de água que abastece quase toda Grande Florianópolis. O homem que dirigia o caminhão faleceu afogado devido à pressão da água vinda do tubo.
“Digeri” a notícia como um estudante de jornalismo faria, agi com total “frieza” apesar de saber que o fato não deve ser levado a esse ponto. Comecei a pensar em como poderia construir uma notícia e aquilo foi tomando conta de minha cabeça até que minha avó liga para meu celular.
O trânsito estava completamente parado, e ela começou a perguntar se eu estava muito longe de casa. Eu respondi que sim e então ela disse que era devido ao acidente estrondoso que teve. Algo que eu já sabia, mas ela disse uma informação a mais, quem estava no volante e que havia falecido. Um amigo da família, pai de uma grande amiga minha.
Nesse momento minha veia jornalística, a notícia que estava construída em minha mente se desmanchou, um sentimento de dor e angústia tomou meu corpo de uma forma que eu fiquei paralisada, sem pensar, em entender, apenas ali, sentada ouvindo.
Não foi fácil ver a notícia na internet, na TV, porque eu tenho vínculos com a notícia, não foi fácil analisar o jornalista ao passar a informação, sendo que eu não estava prestando atenção nisso.
O jornalismo acaba sendo uma profissão difícil quando temos algum tipo de vínculo com o fato, seja esse vínculo direta ou indiretamente.
E o que me deixou mais intrigada foi o que meu professor disse na noite de ontem.
“Será que não está na hora de fazer um Jornalismo diferente?”
Talvez seja a hora de mudarmos nossos parâmetros e percebermos que um jornalista não é um computador ou uma máquina que sintetiza. Somos comunicadores com carne, osso, coração e seres emocionais e racionais. Será que não está na hora de abandonar um pouco as fórmulas ensinadas na Faculdade? Afinal, que tipo de comunicadores estamos formando?

Talvez eu não sirva para ser jornalista, ou talvez, eu só tenha medo de me tornar ainda mais gélida com o tempo devido a minha profissão.


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Isso é essencial para sobreviver. Não julgue um livro pela capa, julgue pelo conteúdo, depois de conhecê-lo e ainda assim, dê segundas chances. ;)


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